De uma maneira geral e por muito tempo, os estudos sobre o evento que ficou conhecido na historiografia brasileira como a Revolução Constitucionalista de 1932 se caracterizaram basicamente por uma polarização radicalizada entre dois discursos antagônicos que, de um lado reproduzia a visão dos vencedores chamada varguista ou getulista, e de outro a versão dos vencidos conhecida como paulista ou triunfalista.
Optei por empregar os próprios termos com que, na época, se autodenominavam os dois lados adversários no conflito: a visão ditatorial e a constitucionalista. Também é possível detectar, principalmente nos círculos acadêmicos dos anos 1960 e 1970, uma tendência em aproximar as versões explicativas do acontecimento ao discurso dos vencedores propagado em pleno exercício do poder. Tal interpretação exerce, ainda hoje, forte influência na área educacional, notadamente nos livros didáticos e fascículos para-didáticos do Ensino Fundamental e Médio.
A versão dos vencidos, por outro lado, predomina absoluta na vasta literatura de cerca de trezentos títulos escritos pelos memorialistas, quase sempre ex-combatentes e participantes do movimento. Essas memórias, escritas às pressas em plena guerra ou logo após o armistício, contam uma história que fala mais de seus ideais, seus sonhos e suas paixões do que sobre a realidade que os gerou.